Já
dizia Ortega y Gasset: sem o outro, sem essa outra pessoa que não sou eu, o ser
humano não poderia se entender, e também não entenderíamos o conceito de
sociedade. O homem, ele dizia, aparece na sociabilidade com o outro, se
alternando com o individualismo e, ao mesmo tempo, com a reciprocidade. Isso,
que por si só parece um jogo de palavras, configura uma realidade que vai além
do aspecto filosófico, para chegar, sem dúvida, ao psicológico e neurológico.
Os
neurônios-espelho, foram os que configuraram a nossa ideia de civilização. E
eles fizeram isso ao nos dar a consciência do outro, esse que eu observo, esse
que eu imito e, por sua vez, em quem eu me vejo refletido. O cérebro empático
nos permite não só entender o ponto de vista de quem está diante de nós, mas
nos ajuda também a antecipar intenções ou necessidades porque, de algum modo,
nós nos vemos refletidos nos outros, porque para o nosso cérebro, os “outros”
são também extensões de nós mesmos.
Se
nos perguntarmos agora qual é a finalidade real da empatia, cabe dizer que não
existe somente uma única resposta. Sabemos que nenhuma capacidade nos conecta
tanto uns com os outros de maneira tão fabulosa. No entanto, neurologistas
renomados do campo do comportamento, como Vilayanur Ramachandran, indicam que o
objetivo do cérebro empático nem sempre é gerar o bem alheio, nem sempre
buscamos ajudar ou propiciar uma ação humanitária.
Porque
empatia não é sinônimo de simpatia e, com frequência, como é próprio em todo
cenário social, nós também temos outros tipos de interesses…
“Ser empático é ver o mundo com os olhos do outro e não ver o nosso mundo refletido nos olhos dele”.
- Carl Rogers -
O
fato de podermos nos introduzir em perspectivas alheias, de ver o mundo com os
olhos de outras pessoas é, ao mesmo tempo, uma arma poderosa. Ela nos permite
construir modelos mentais bastante complexos com os quais saber, por exemplo,
se esse indivíduo que eu tenho diante de mim tem más intenções. Podemos,
inclusive, antecipar reações ou utilizar fraquezas a nosso favor para manipular
pessoas, para libertar as emoções delas em nosso proveito.
Pois
bem, tal e como já mencionamos, a empatia nem sempre vai acompanhada de um ato
sociável. Cada pessoa mostra diferentes níveis de empatia, os neurônios-espelho
não funcionam da mesma maneira em todos os seres humanos, e eles afetam a
interação social, a nossa capacidade para resolver problemas, a nossa
convivência, etc. Existem cientistas que indicam o fato de que os
neurônios-espelho têm um componente evolutivo e, portanto, o seu poder pode ir
avançando de geração em geração…
Fonte: https://amenteemaravilhosa.com.br