segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Transplantes crescem 33% no estado de SP

Janeiro foi, com certeza, um mês positivo para muitos que estão na fila à espera de um transplante. As doações de órgãos no estado de São Paulo cresceram 33% e tiveram o melhor janeiro da história.
Balanço da Secretaria Estadual da Saúde apontou que o índice foi superior na comparação com o mesmo período do ano passado. Foram 96 doadores em janeiro deste ano, contra 72 no primeiro mês de 2011. Além de ter sido o melhor janeiro da história em doações, foi o segundo melhor mês de toda a história desse tipo de procedimento, perdendo apenas para março de 2010, quando houve 99 doadores no estado.
A Central de Transplantes informou que neste ano houve dez transplantes de coração, cinco de pâncreas, 162 de rim, 60 de fígado e seis de pulmão.
Para o médico e coordenador da central, Luiz Augusto Pereira, se o ritmo se mantiver, será possível ter um novo recorde de doações e transplantes no estado em 2012. Segundo ele, os números atuais são resultado de um trabalho que a secretaria faz há dez anos. “Desde 1997 estamos descentralizando a busca de doadores nos dez maiores hospitais. Cada instituição criou um serviço para identificar com rapidez a morte cerebral e entrevistar a família para autorizar a doação.”
Segundo o médico, isso fez com que o número de doadores dobrasse em 2004. Em 2008, a secretaria passou a custear o diagnóstico complementar dos pacientes, ou seja, exames de eletroencefalograma nos hospitais públicos e privados. Esse exame é o que aponta com maior agilidade se há morte cerebral e quando será possível avisar os familiares.
“Quando a pessoa sofre um trauma muito grande no crânio, em alguns casos evolui para morte cerebral e em outros, não. Com esse exame podemos saber com mais agilidade. Tanto o diagnóstico quanto a qualidade do órgão, para que o transplantado não receba um órgão que não esteja saudável.”
Pereira explicou que hoje, 70% das famílias autorizam a doação. Para ele, a transparência e a segurança do serviço dão confiança para que a população acredite no trabalho realizado..
Felicidade à vista / O professor Rafael  Bucollo, de 36 anos, está na fila de espera por um fígado há oito meses.  Morador de São Caetano do Sul, no ABC, ele sofre de hepatite C e cirrose hepática desde os 18 e já  teve três crises de encefalopatias,  consideradas quadros graves da doença. Após o problema, a possibilidade de transplante foi anunciada pelo médico.
Rafael conseguiu a doação através do irmão Rodrigo, de 32 anos. Há dois meses o irmão passou por uma bateria de testes e a compatibilidade foi confirmada. A operação deve acontecer em três meses. “A primeira coisa que quero fazer quando tudo isso acabar é voltar a trabalhar. Estou afastado há um ano”, afirmou.
Rafael contou que atualmente nem parece que precisa de um transplante. Há um ano ele começou uma dieta rígida por causa da anemia.  A alimentação com pouco açúcar e sem sal e o repouso fizeram com que tivesse uma vida normal durante o período na fila de espera. “Hoje eu saio para vários lugares, mas não posso fazer nada com exageros. Arrumei até uma namorada que já me conhecia da época da escola. Quando contei que estava na fila de transplantes, ela me apoiou muito”, afirmou.
Informação é o caminho para doar mais 
Falta de conhecimento  impede que doação cresça. É preciso demonstrar aos familiares o desejo de doar. Isso facilita a decisão
A aposentada Terezinha Valletta de Carvalho, de 73 anos, estava no número 19 da fila de transplantes à espera de um fígado. Com hepatite C em estágio avançado, uma vez por semana a paciente precisava ir ao hospital retirar 5,5 litros de líquido da barriga. Terezinha não recebeu o órgão a tempo e morreu há oito meses.
O marido com quem foi casada por 41 anos, Celso Monteiro de Carvalho, de 67, foi quem acompanhou com os filhos a busca da esposa por um órgão.
“Como a pessoa é chamada de  acordo com a gravidade do estágio da doença, tínhamos a perspectiva de que ela fosse chamada rápido. Mas, infelizmente, nadamos, nadamos e morremos na praia”, contou o engenheiro químico.
A falta de informação sobre a doação  faz com que pessoas como dona Terezinha não recebam o órgão a tempo. As dúvidas sobre procedimentos impedem o crescimento das operações. No último levantamento feito no estado de São Paulo, em 2010, o número de pessoas na fila por um coração, pulmão, rim, córnea, pâncreas e fígado chegava a 12 mil.
Ausência de conhecimento da população sobre o que é morte cerebral é um dos fatores que travam o crescimento das doações. Quando acontece, esse tipo de morte é irreversível e existe declaração de óbito para o caso. Mesmo com o coração batendo.
A ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) diz que outro complicador é o fato de algumas pessoas serem contra a doação por acharem que na “outra vida” vão precisar dos órgãos. A entidade faz questão de deixar claro que os procedimentos no país são seguros e totalmente controlados, ou seja, não há a mínima possibilidade de desvio.
A Secretaria Estadual de Saúde recomenda que quem deseja ser doador de órgãos informe a posição de maneira clara aos familiares.
“É um momento delicado, a família está perdendo um ente querido, que na maioria das vezes é jovem, e de maneira trágica. Quem tem essa vontade deve avisar todos os parentes. Isso facilita demais o momento da entrevista”, explicou o coordenador da Central de Transplantes da secretaria, Luiz Augusto Pereira.
Terceiro maior banco de medula
O transplante de medula óssea também é outra questão que precisa de atenção no país. Assim como acontece com os outros órgãos, muita gente desconhece como funciona.  Tecido encontrado no interior dos ossos, ele é usada para curar pacientes com leucemia. O Brasil tem o terceiro maior banco de registro de doadores de medula do mundo, com 2 milhões de doadores cadastrados. A chance de se encontrar um doador não-aparentado é de uma em 100 mil. Para fazer o cadastro é necessário uma pequena coleta de sangue.  Informações sobre locais para o cadastro podem ser obtidas no www.ameo.org.br.

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