terça-feira, 1 de março de 2011

Pesquisadores apostam em tratamento com genes para curar Aids


Timothy Ray Brown se curou de leucemia e HIV após transplante de células-tronco
retiradas da medula óssea de um doador resistente à Aids


Estudo foi baseado em caso de homem com leucemia que se curou da doença.

Cientistas americanos deram mais um passo na luta contra a Aids. Utilizando terapia com genes, os pesquisadores modificaram células dos pacientes e as tornaram resistentes ao HIV, o vírus causador da doença.
O tratamento foi baseado no caso do americano que se curou da doençaapós um tratamento contra leucemia. O anúncio foi feito em dezembro passado. Usando células-tronco adultas retiradas da medula óssea de um doador que era imune ao HIV, por causa de uma mutação genética, o paciente não apresentou mais sinais do vírus no organismo.
A partir desse caso, os cientistas começaram a procurar uma maneira de alcançar a mesma imunidade usando células sanguíneas do próprio paciente.
Usando essa mesma mutação genética que permitiu a cura do americano, os cientistas decidiram apagar permanentemente um gene humano e inserir as células alteradas de volta no organismo.
Essa mutação atinge algumas pessoas, cerca de 1% da população branca, que são resistentes ao HIV. Isso porque elas têm dificuldade de produzir uma proteína chamada CCR5, um receptor presente nos linfócitos CD4+, células de defesa do organismo que são destruídas pelo HIV. O vírus da Aids usa o CCR5 para se “encaixar” nessas células.
A partir disso, os cientistas “cortaram” e “modificaram” o gene. No estudo, seis homens tiveram as células sanguíneas filtradas para remover a pequena quantidade de células-T. Cerca de 25% dessas células foram modificadas com sucesso. Elas, em seguida, foram multiplicadas e reintroduzidas nos pacientes.
Três dos homens receberam 2,5 bilhões de células modificadas, enquanto os outros três receberam por volta de 5 bilhões.
Após três meses, cinco pacientes apresentavam o triplo de células modificadas esperadas. Segundo os cientistas, 6% de todas as células-T dos pacientes eram do novo tipo, ou seja, resistentes ao HIV. O sexto homem também desenvolveu as células, mas em quantidade menor do que a esperada.
Os únicos efeitos adversos, dizem os pesquisadores, foram sintomas parecidos aos da gripe.
Apesar dos resultados, o coordenador do estudo, o médico Jacob Lalezari, do Centro de Pesquisas Quest, alertou que ainda é cedo pra dizer que a terapia se torne a cura da doença. A pesquisa foi feita em parceria com cientistas da Universidade da Califórnia e patrocinada pela empresa de biotecnologia Sangamo BioSciences.
Otimismo
Para o pesquisador John Rossi, do City of Hope, na Califórnia, a pesquisa é um grande passo.
- A ideia é que, se você tira as células que o vírus ataca, você pode curar a doença.
Apresentados nesta segunda-feira durante uma conferência em Boston (EUA), os resultados causaram bastante otimismo entre os especialistas, como o médico John Zaia, coordenador do painel do governo americano que supervisiona pesquisas com genes.
- Pela primeira vez as pessoas estão começando a pensar na cura da doença.
Ainda que a terapia genética não seja capaz de eliminar o HIV completamente do organismo, Zaia afirma que será possível proteger o corpo dos pacientes o suficiente para controlar o vírus e dispensar o uso de remédios, o que é chamado de cura funcional.
De acordo com Carl Dieffenbach, coordenador de Aids do Niaid (Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos), há esperança de que a terapia seja suficiente para dar um nível de proteção parecido ao alcançado pelo paciente que foi curado.
Segundo os cientistas, ainda é cedo pra dizer se a terapia pode indicar um caminho para a cura da doença ou para um novo tratamento. Apesar disso, os cientistas afirmam que a alternativa é viável e segura.

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